A quarta redução em 0,5% consecutiva da Taxa Selic em 2023, fechando o ano em 11,75%, sedimentou o caminho para que a taxa do crédito imobiliário caia no Brasil a partir do segundo trimestre de 2024. O anúncio do novo corte da Selic foi feito pelo Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central nesta quarta-feira, dia 13 de dezembro.
Apesar do ciclo de cortes da Taxa Selic estar se mantendo desde agosto deste ano, quando a inflação entrou na rota de queda, a perspectiva é que as instituições que oferecem crédito habitacional precisem de mais alguns meses de controle da inflação para que a inadimplência do setor também atinja menores patamares.
No entanto, o que vem animando o mercado imobiliário é a melhora da economia como um todo. O número de novos imóveis comercializados no Brasil aumentou 22,2% no acumulado de janeiro a setembro de 2023, quando comparado ao mesmo período do ano anterior, sendo a Associação Brasileira das Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc).
É hora de comprar?
Diante deste cenário, a análise da Financiar Imóveis sobre o atual momento do mercado é de que o comprador que já encontrou seu imóvel ou mesmo está com oportunidade na mão não deve esperar pela queda dos juros.
As vendas aconteceram em 2023, mesmo com os cortes da Selic e o controle da inflação não tendo atingido o patamar necessário para reduzir os juros do financiamento.
Por isso, o interesse nos ativos imobiliários deverá aumentar e isso traz expectativa por uma valorização futura dos imóveis em todo o Brasil.
Estudo realizado pela Abrainc demonstra que a cada 1% de redução na taxa de juros do crédito imobiliário, aumenta-se a demanda por mais 1 milhão de novas habitações. Com a redução dos juros do crédito imobiliário, o mercado se aquece e, com isso, os imóveis voltam a se valorizar de forma mais intensa.
O número de novos imóveis comercializados no Brasil aumentou 22,2% no acumulado de janeiro a setembro de 2023, quando comparado ao mesmo período do ano anterior. Os dados são do indicador ABRAINC-FIPE, um levantamento realizado com 20 empresas associadas à Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (ABRAINC), em parceria com a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (FIPE).
O programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV) continua desempenhando um papel fundamental no crescimento do setor, com altas de 22,9% no volume de unidades comercializadas e de 32,9% no valor de vendas durante o período de nove meses. Em termos de lançamentos, o segmento registrou crescimento de 46,6% no valor de vendas.
O segmento de Médio e Alto Padrão (MAP) também continua tendo resultados positivos, com um crescimento de 18,9% nas unidades comercializadas e de 13% no valor de vendas. Esse resultado continua refletindo o interesse de muitos compradores em adquirir ativos imobiliários, com a expectativa de valorização futura dos imóveis em todo o Brasil.
Segundo os dados da Ademi-GO, os imóveis em Goiânia tiveram valorização de 23% em 2022. Ou seja, perdeu dinheiro quem deixou o dinheiro aplicado ao invés de comprar imóveis, mesmo em um período em que os juros estavam altos e os investimentos financeiros pareciam mais atraentes. A alta no preço dos imóveis no ano passado foi em função da conjunção de um mercado aquecido e da alta no custo dos insumos da construção, gerada pelo cenário de pós-pandemia e guerra
As taxas de financiamento habitacional permaneceram estacionadas na máxima atingida no atual ciclo de política monetária — entre 10,49% e 11,49% — ao longo da maior parte deste ano, segundo levantamento da plataforma Melhor Taxa. Os juros dos empréstimos, porém, podem finalmente começar a recuar em meados de 2024, segundo especialistas ouvidos pelo Valor.
Na análise da diretora do Melhor Taxa, Priscilla Basso, “para o ano que vem, a perspectiva é que os custos de empréstimos habitacionais possam cair apenas a partir do segundo trimestre”. Conforme a especialista do serviço de comparação de taxas e intermediação de crédito, “com redução da Taxa Selic, melhora da economia e recomposição da renda, a tendência é de aumento da demanda por empréstimo para aquisição da casa própria”.
“Mas os bancos só vão começar a reduzir o custo da linha quando houver redução da inadimplência”, diz Basso. “Antes de haver cortes de juros das linhas, o esperado é que ocorra um aumento das concessões de novos financiamentos”, afirma.